Nem sempre quem fala sobre autismo fala com autistas. Nem sempre quem atende famílias atípicas sabe o que é sustentar emocionalmente uma rotina que desafia os limites todos os dias. Mas depois de viver por dentro e por fora o TEA — como profissional, paciente, filha, cônjuge e terapeuta — alguns aprendizados têm se repetido com muita força. E todos eles têm base no que a análise do comportamento ensina: comportamento é contexto, é histórico, é função — não é defeito. Aqui vão alguns pontos que mudam tudo na prática: • Antes de pensar em ensinar, observe. Comportamento só se modifica quando a intervenção parte da função que ele cumpre. Se uma crise acontece sempre que a rotina muda, a função pode ser escape. Se a criança chora após interações sociais, pode ser sensorial. Sem entender a função, você corre o risco de punir uma tentativa de autorregulação. • Rotina previsível não é rigidez: é suporte. Autistas, principalmente adultos, funcionam melhor quando sabem o que vai acontecer. Pequenos avisos antecipados, tabelas visuais ou blocos de agenda estruturam o ambiente e reduzem a chance de crises. • Rigidez não se enfrenta com confronto. Se você tentar forçar flexibilidade no calor do momento, o comportamento vai escalar. O manejo mais efetivo é antecedente: preparar antes, adaptar durante e reforçar alternativas depois. • Não corrija o comportamento, modifique o ambiente. A pergunta central da análise do comportamento é: o que está sustentando esse comportamento? Às vezes, é a luz forte. Às vezes, a linguagem subjetiva. Às vezes, o excesso de estímulos num ambiente que não foi feito para aquele corpo. • Cuidar de alguém atípico exige análise de contingência também. Cônjuges e familiares se sobrecarregam. Dar conta de tudo sem pausas, sem divisão de funções leva ao esgotamento — e é também um ponto de atenção clínica. (Continua nos comentários) #saudemental #terapiaonline #autismo #autismo #mãesatípicas #neurodivergente #neurodivergência #diagnósticotardio #autismoemmulheres