Cresci tentando me encaixar.Tentando falar na hora certa.Tentando rir da piada que eu nem entendi.Tentando não parecer estranha demais, sensível demais, intensa demais.E, por muito tempo, achei que isso era o mais próximo que eu poderia chegar de pertencer: ser "quase" eu — mas nunca completamente.


A verdade é que o bullying não foi feito só de palavras cruéis ou risos abafados.Foi feito de silêncios.De olhares.De pequenas exclusões.E de uma sensação constante de que, pra estar ali, eu precisava performar alguém que não era eu.


Mas, outro dia, pela primeira vez depois do diagnóstico, estive numa festa.Com abafador.Com espaço pra respirar.Com apoio pra me retirar quando meu corpo pediu.E, principalmente, com pessoas que não quiseram me mudar em nenhum momento.


E ali, no meio de uma pista de dança com luzes e sons e risadas, eu me senti segura.Porque não precisei me vigiar.Não precisei me corrigir.Não precisei me encaixar.Com as pessoas certas, você não precisa se adaptar o tempo inteiro.Você só precisa ser.


E, pela primeira vez, eu fui.Talvez pertencer seja isso.E talvez você também mereça descobrir como é.
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